MATRIZ

Exposição Individual. CAAM (Centro Atlântico de Arte Moderno) Gran Canary, Spain. 2023.



Carregadoras. Série fotográfica (9 imagens).














Ninar. Instalação audiovisual (10 projeções).







Brincantes. Instalação fotográfica (10 imagens).








Matrix or Cura. Instalação audiovisual (chão de terra, esculturas de argila, esculturas de ferro, 5 canais de sons abertos, 5 vídeos com fones de ouvido).









vista da exposição . foto Maria Navarro


orun

exposição no Oi Futuro Flamengo . Rio de Janeiro, Brasil.

Céu e terra formam um sistema aonde um ir e vir se realiza. Tanto nos aspectos mitológicos quanto nos científicos, o céu e a terra estão interligados como um corpo em funcionamento e formam o espaço onde habitamos: coletivo e cósmico.

Não sabemos exatamente onde começa e onde termina, mas talvez o céu comece em nós mesmos, quando o introjetamos e formamos uma noção dele. Afora isso, as montanhas podem ser um marco onde o céu negocia com a terra a sua existência sagrada, e talvez por isso, seja tão importante nas mitologias gerais da humanidade, porque seus picos alcançam as nuvens, como pontos de conexão entre o céu e a terra, onde essa união do duplo se materializa; é assim com
o Olimpo, onde vivem os deuses gregos e Zeus, como raio que comanda os céus; e com os Himalaias, onde o deus Shiva sorri, sentado em postura de lótus, em seu aspecto de iogue, conhecido como Digâmbara, ou vestido de céu, enquanto a deusa Ganga desce das nuvens e se infiltra em seus cabelos, escorrendo até a terra na forma do rio Ganges.

Mais do que o impressionante céu científico no qual o Hubble se perde, o céu que construímos culturalmente, por sua vez, é algo que se aprofunda em nós, é para dentro. Os limites do céu que têm o sentido do sagrado são muito distintos do céu científico, que se desenvolve em camadas da atmosfera, a dizer, a troposfera, estratosfera, mesosfera, termosfera e exosfera, que são níveis de elementos químicos de diferentes densidades e chegam a alcançar mil km na direção do espaço sideral. No entanto, o céu que nos acolhe é muito mais aquele de ordem divina; e cada cultura traduziu seus mistérios de diferentes formas.

A videoinstalação de Paula Scamparini nos fala sobre esse pertencimento cultural do brasileiro que compõe nosso universo estelar, onde olhar para o céu é algo mágico, que nos envolve na dinâmica de ser, de nos localizarmos, não apenas física, mas espiritualmente, porque o céu é algo precioso que nos insere na dimensão do sublime. O céu nos afeta desde sempre e sua tradução pelos povos mais diferentes do Brasil forma um legado mitológico, espiritual e científico, que hoje é tratado como acervo fundamental na construção de sentidos.


curadoria
Alberto Saraiva













vista da exposição . foto Maria Navarro


colaboradores
curadoria
Alberto Saraiva

produção
ÁREA27
Tamanduá

direção de produção e gestão de projeto
Rodrigo Andrade
Stefania Paiva

coordenação de produção audiovisual
Raquel Valadares

pesquisa de conteúdo
Paula Scamparini
Paulo Rosa
Virgínia Gandres

videomaker
Ahmad Jarrah
Bruna Obadowski
Helena Bielinski
Paula Scamparini
Raquel Valadares

edição de vídeo
Henrique Cartaxo
Maria Altberg
Pedro Thomé

tratamento sonoro
Alexandre Brasil

finalização de vídeo
Raquel Valadares

execução e montagem
Nova Mídia

cenotecnia
Thiago Barboteo

identidade visual
Luana Luna e Lucyano Palheta
[AOQUADRADO]

assessoria de imprensa
Frase Comunicação

sinalização
Ginga Design

revisão de textos e versão para o Inglês
Marcio Pinheiro
agradecimentos
Aldeia Ipatse Kuikuro | Território Indígena do Xingu - MT;
Aldeia Meruri Boe Bororo | General Carneiro - MT; Aldeia Multiétnica | Chapada dos Veadeiros - GO; Aldeia Piulaka Waurá | Território Indígena do Xingu - MT; Aldeia Wederã Xavante | Território Indígena Pimentel Barbosa - MT; Aldeia Xavante Etenhiritipa | Território Indígena Pimentel Barbosa- MT; Aldeia Yawalapiti | Território Indígena do Xingu - MT; Associação Indígena Aldeia Maracanã - RJ; Associação Yamurikumã das Mulheres Xinguanas; Casa Ilê Axé Omin | Cachoeiras de Macacu - RJ; Comuna Intergalactica I e II; Comunidade Quilombola Carcará | Potengi - MT; Comunidade Quilombola Chico Gomes | Crato - CE; Comunidade Quilombola Mata-Cavalo | Cuiabá - MT; Comunidade Quilombola Nossa do Senhora do Livramento | Poconé - MT; Comunidade Quilombola Sítio Kalunga | Cavalcante - GO; Comunidade Quilombola Sítio Sassaré | Crato - CE; Comunidades Quilombolas de Vila Bela de Santíssima Trindade  - MT; Conselho pela Igualdade Racial  - Governo Federal do Mato Grosso; Conselho pela Igualdade Racial - Governo Federal do Mato Grosso. Contato; Escola de Artes Visuais Parque Lage - RJ; Escola de Belas Artes - Universidade Federal do Rio de Janeiro; Fundação Nacional do Índio | FUNAI - Coordenação Técnica Local Canarana; Grupo de Consciência Negra do Ceará; GAE - Grupo de Pesquisa Arte Ecologias; Hiperorgânicos | Núcleo de Arte e Novos Organismos - Rio de Janeiro; Ilê Axé Omin; Instituto de Geociências | Universidade Federal do Rio de Janeiro; Instituto Federal do Amazonas | São Gabriel da Cachoeira;  Museu de Astronomia Rio de Janeiro; Observatorio de Favelas | Rio de Janeiro; Observatório do Valongo | Rio de Janeiro

Alessandra Gonçalves Freitas; Alexandre Lemos; Amarildo Terena; Amarildo Tukano; Ana Ferrareze; Beto Nascimento; Ubirajara Z. de Carvalho; Carlos Doethiro Tukano; Carlos Hiroshi Horoiwa; Cícera Nunes; Cipassé Xavante; Clarissa Campello; Claudete da Silva Barbosa Truká; Collor Talatalakumã Yawalapiti; Daniel Berlinski; Daniel Mello; Danielle Nazareno;  Dayene Daysse da Silva Dias Kalapalo; Dominique Aguiar; Dora Lopes; Eduardo Hunter Moura; Elias Brasilino de Souza; Elisandra Botelho da Silva; Elson Rabelo; Fabiane Borges; Felipe Albues Martins;  Fernanda Abreu;
Glória Albues; Helio Jaques Rocha Pinto; Heloisa Gesteira; Ianaculá Rodarte; Igor Souza; Índia Baré; Ismar Carvalho; Jessica Kloosterman; João Batista da Silva Lima; João Fortes; Joel Pizzini; Jorge Barbosa; José Castilho; Juliano Basso; Jurandir Siridiwê Xavante; Kumaré Txicão; Lara Carmo; Larissa Duarte Tukano; Laura Kuikuro; Leonardo Carneiro; Luclécia Cristina Morais da Silva; Makaulaka Mehinaku; Mamed Caki; Manoel Francisco da Silva Junior; Maria das Dores Ramos; Maria Lúcia da Silva;  Mariana Moura; Mateus Aleluia; Maykson Sousa; Monna Carneiro; Nalu Mendes; Padre Andelson Dias de Oliveira; Rafael Fulni-ô Marques; Raoni Kamaiurá; Raquel Valadares; Raquel Versieux; Renato Sanchez; Ricardo Alves; Roberta Enir Faria Neves de Lima; Rútila Silva; Sandra Regina N. Sarduy; Silviane Ramos Lopes da Silva; Sinvaline Pinheiro; Valéria Gersina das Neves Carvalho; Vitor Peruare; Ypisilon Rodrigues Felix; Zé Guilherme; Mayana Redin; Raphael Fonseca

Agradecimentos especiais pelos relatos
Adriano Amorim; Afonso Apurinã; Ailton KRENAK; Akuá Afia Kuikuro; Aline Maia Nascimento; Alissan Maria da Silva; Alzira Kalunga; Antonio Bispo dos Santos; Antonio Luis de Souza; Aritana Yawalapiti; Arnaldo dos Santos Rosa; Astrogilda Leite França; Augusto da Nóbrega; Byakadjeiti Kayapó; Carlos Augusto Tavares Bittencourt; Carlos Doethiro Tukano; Carlos Eduardo Gomes Viana; Carlos Fernando de M. Delphim; Denise Alves Rodrigues de Oliveira; Diomar Freitas Dantas; Djoan Cy de Souza; Elisa Alvarenga Peixoto; Elsion Parinê’êdi Xavante; Eneldino Cugoxereu; Erick Felinto; Fabiana Pereira Barbosa; Fabiane Borges; Fabiane Morais Borges; Fabio Bvb Torres; Fernando Nascimento da Silva; Floriana Oanesi Breyer; Francisca de Lourdes Magalhães Felix; Francisco Aécio Gonçalves Diniz; Francisco Idalécio de Freitas; Francisco Ronaldo Rodrigues de Lima; Francisco Valdean Alves dos Santos; Geraldo Moreira; Getúlio Orlando Pinto Krahô; Gustavo Frederico Porto de Mello; Gustavo Melo; Gustavo Scuracchic Rossi; Heleno Pereira da Silva; Hélio Jaques Rocha Pinto; Hélio Jorge Pereira de Carvalho; Heloísa Gesteira; Henrique Gabriel Leite; Inácio Candido Iumixa; India Kuikueiramanha Neves; Irene Pires de Lima; Isidoro Xavante; Ivanice Pires Tanoné; Jaqueline Romkwyj Kraho; Jawakapiru Kamayurá; Jessica Kloosterman; Jessica Santos Macedo; João B. S. Valença; João do Crato; João Felix dos Santos; José Cambará Neto; José Lourenço Gonzaga; Justina Ferreira da Silva; Kaiulú Yawalapiti; Kalupuku Kalueuku Waurá; Kami Katy Kamaiurá; Keila Costa; Kleber Rodrigues Meritotoru; Kokaro Suya Trumai; Kokojagomi Kayapó; Kuiahi Marina Nafukua; Laura Cardoso Fraga;
Laurinda Cibae Etaro; Lenildo M. Pires; Lindaura Crespo Supepi; Lucas da Silva Minervino; Lucinda Leite da Costa; Lúcio Flávio Teles de Jesus; Luzenira Tapirapé; Manoel Francisco da Silva Junior; Maria Angela Okoge Ekureudo; Maria das Dores Ramos Lopes da Silva; Maria das Graças de Souza Ferreira;
Maria Iuracoi dos Santos Silva; Maria Lucia da Silva; Maria Renata de Jesus; Mariana Fraga; Matheus Felipe Xavier de Oliveira; Matheus de Oliveira E Gama; Matheus Pereira Andrade da Cruz; Míriam Aparecida França; Moisés da Silva Piyako; Nazaré Rewaiô Xavante; Nua Del Fiol; Odilio Peliá Krahô; Osmar Pereira Krahô; Osvaldo Leite Guimarães Filho; Otávio Augusto Trivério Dias; Otavio Pereira da Cunha; Parawairu Kamaiurá; Patrícia Flores; Patricia Nonata Jerigiaredo; Paulinho Paiakan; Paulo Cipassé Xavante; Paulo Eduardo Gomes Freitas; Pedro Diaz; Pitter Gabriel Maciel Rocha; Raquel Valadares de Campos; Roberto Totot Krahô; Rosa Ortiz Cambará; Rosária Leite da Costa; Rosilene Bakure Kajejeudo; Rundhsten V. de Nader; Silvia Lorenz Martins; Silviane Ramos Lopes da Silva; Sonia Barbosa de Souza; Sula F Akuku Kamaiurá; Tapaie Wari Yawalapiti; Thelma Araujo Coutinho; Thiago Signorini Gonçalves; Ticiano Lima de Souza Santos; Towê Fulni-o Veríssimo; Tseredadze Xavante; Tuire Kayapó; Ubirajara Z. de Carvalho; Valdecir Campos Ramos; Valéria Gersina das Neves Carvalho; Vanda Copacabana Vila Boas; Wagner Roveder; William Kamayurá; Yanahin Matala Waurá; Yapatsatama Waurá; Yrary Bjakray Kaiopó; Sonia Aparecida Silva João Pedro da Silva; Antonieta Luisa Costa; Francileia Paula de Castro; Jusiane Luiza de Lima; Jociane Catarina Maciel de Souza; Rosangela Maria de Jesus; Aiupu Kamayura Amary




carregadoras

Rio de Janeiro. Brasil. 2019 - 23.


Paula Scamparini - Clube de Colecionadores 7 from mamrio on Vimeo.





Carregadoras (P.S. 02) / Série: Carregadoras / Dimensão: 86x130 cm / Impressão em pigmento mineral sobre papel Hahnemühle Photo Rag 308gsm. Tiragem: 5 + PA


Carregadoras (P.S. 01) / Série: Carregadoras / Dimensão: 86x130 cm / Impressão em pigmento mineral sobre papel Hahnemühle Photo Rag 308gsm. Tiragem: 2/5 + PA


MATRIZ / Mineral print on Photo Rag Metallic 340 gm2 / 133 x 200 cm
ERVEIRA / Mineral print on Rag Photographique 210 gm2 / 200 x 300 cm




BAMBUZAL / Mineral print on Photo Rag Metallic 340 gm2 / 100 x 280 cm
MORINGA / Mineral print on Photo Rag Metallic 340 gm2 / 133 x 200 cm

NOIVA / Mineral print on Rag Photographique 210 gm2 / 133 x 200 cm
COSTELA / Mineral print on Photo Rag Metallic 340 gm2 / 100 x 280 cm
RETIRANTES / Mineral print on Rag Photographique 210 gm2 / 200 x 300 cm




in the south, turtles do not age

instalação MAG3 Projekteraum . Vienna, Austria
with artist Sabine Groschup
commissioned by TONSPUR Kunstverein Wien; Museum Quartier Vienna Q21; MAG3.
http://www.cupix.at/mag3scamparini/mag01.html























vista da instalação


IN THE SOUTH TURTLES DO NOT AGE

BERTHOLD ECKER, CURADOR DE ARTE CONTEMPORÂNEA NO WIEN MUSEUM.
[TEXTO CURATORIAL (PARCIAL) PARA A EXPOSIÇÃO IN THE SOUTH TURTHES DO NOT AGE.] 2018

(...) 1,5 toneladas de areia, de Copa Kagrana [praia situada em Viena], fazem referência à praia de Copacabana no Rio de Janeiro, cidade na qual Scamparini vive. A menção, entretanto, é ao lugar e não à topografia, em seu sentido mais estrito. A história aqui con- tada expõe a brutal exploração e abuso a que a natureza é submetida. As consequências são alarmantes e continuarão a ser sentidas nas próximas décadas. O Brasil, com seus vas- tos recursos físicos e naturais, que até então mantêm certa funcionalidade, continua a ser uma reserva vital do ecossistema e econo- mia mundiais. Por infortúnio, esses dois siste- mas ainda estão em conflito, e sua harmonia parece ter sido perdida há muito tempo. É nesse conflito que reside a essência da afir- mação, bem como o porquê de as tartarugas não envelhecerem no Sul que Paula retrata.

O caso está relacionado com uma enorme catástrofe ambiental na qual uma barragem com rejeitos de alta toxicidade em Bento Rodrigues [Minas Gerais] se rompeu e milhões de metros cúbicos de lama tóxica alcançaram o Rio Doce, um dos principais rios do país. Caudalosas ondas de resíduos venenosos carregaram consigo vilas inteiras e todo este gigante celerado derramou-se, formando um cone aluvial no Oceano Atlân- tico. Conforme a lama secava, as carcaças dos animais vinham à tona (...) A instalação destaca este momento. Por sua aparência externa e materialidade, ela se aproxima das instalações performativas em ambientes natu- rais criadas pela artista cubana Ana Mendieta, que nos deixou precocemente. A natureza combativa de sua obra é de grandeza com- parável à de Scamparini.

O que aconteceu depois do desastre? A empresa responsável, Samarco Mineração [um empreendimento conjunto entre empre- sas inglesas, australianas e brasileiras] foi condenada a pagar vultosas indenizações (...)

Scamparini questiona a relação entre a natureza e a cultura. Como um ambiente afeta as origens e comportamentos das pes- soas? Que consequências um crime desse porte traria para os responsáveis? Há uma tendência a eximir o Norte dessas questões, mas a globalização torna mais integrada a perspectiva do ecossistema. Tendo em vista um incidente semelhante na porção ocidental da Hungria em 2010, durante o rompimento de uma barragem colonial, podemos observar que os dois casos são bastante semelhan- tes e apenas seus alcances são diferentes. Na ocasião, também houve o rompimento de uma barragem, com rejeitos tóxicos chegando a invadir extensas áreas e as tor- nando inóspitas. À época, a solução do caso foi assumida pelas autoridades húngaras, o que assinala a sua gravidade. A diferença sig- nificativa reside não só no tamanho do país como também no sofrimento da população indígena. Esta mais uma vez se viu alijada de sua fonte de sustento, além da base de toda a sua cultura. Onde está a resistência, como ela pode operar, e como efetivamente funciona no atual estado de nossas democracias?

As tartarugas de Scamparini não enve- lhecem porque são mortas muito antes. Em diferentes culturas, a grande tartaruga é uma espécie de fundamento do mundo. Dizem que o mundo é carregado por um elefante em pé sobre uma tartaruga, mas o que ninguém sabe é quem a sustenta. Até mesmo Vishnu, em uma de suas encarnações, toma a forma de uma tartaruga, que protege o mundo da iminente ruína. Assim, quem quer que mate a tartaruga, o afoga, pois terá removido a sua base de sustentação. No entanto, dos clamo- res em defesa da ecologia e sustentabilidade, continuarão a fazer pouco caso (...)


IN THE SOUTH TURTLES DO NOT AGE

BERTHOLD ECKER, CURATOR OF CONTEMPORARY ART IN THE WIEN MUSEUM.
[CURATORIAL TEXT (PARTIAL) FOR THE EXHIBITION IN THE SOUTH TURTHES DO NOT AGE] 2018

(...) 1.5 tons of sand, borrowed from the Copa Kagrana [beach in Vienna], form a reference to the beach of Rio de Janeiro, where Scamparini lives. However, it’s not about topography in the narrower sense, it’s about a specific place. The story told here is about brutal exploitation of nature and its blatant abuse with consequences that will be painfully felt for many decades to come. Brazil, with its vast resources of raw mate- rials as well as still functioning nature, contin- ues to be a vital reservoir for the world’s bio and economic system. Unfortunately, these two systems are still in conflict and balanced harmonization seems a long way off. In this conflict lies the essence of the statement and also the reason why the turtles do not grow old in Paula’s South.

The case relates to a huge environmen- tal catastrophe when a dam for a very toxic reservoir at Bento Rodrigues [Minas Gerais, Brazil] broke, and millions of cubic meters of toxic sludge reached the Rio Doce, one of the country’s main rivers. Poisoned mud masses tore entire villages with them and all the madness finally poured out forming a huge alluvial cone, into the Atlantic Ocean. As the mud dried, the carcasses of the animals became visible (...) The installation plays on this moment. Her outward appearance and materiality bring her close to performative installations in the landscape by the Cuban artist Ana Mendieta, who died very early and took on a similarly combative attitude in her feminist orientation as Scamparini does.

What happened after the disaster? The responsible company Samarco Mineração [a joint venture between English, Australian and Brazilian companies] was sentenced to high claims payments (...)

Scamparini questions the relationship between landscape and culture. How does an environment affect people’s origins and behaviors? What consequences would such a crime have for those responsible? One would be inclined to exclude such things for the North, but the world has become small, the 
same ecossystem covers the entire planet. In view of a similar incident in West Hungary in 2010 during the colonial dam break, we can only see gradual differences. Even then, a dam had broken toxic sewage sludge spilled over large areas and made permanently unin- habitable, even the local responsible tried to talk out. The significant difference lies in the size of the country and in the suffering of the indigenous population, which has lost once again its livelihood and the basis of its entire culture. Where is the resistance, how can it work and does it function in the current state of our democracies?

Scamparini's turtles do not grow old because they are killed before. In different cultures, the great turtle is something like the foundation of the world. It is said that the world is carried by an elephant that stands on a turtle, but whoever wears the turtle is not known. And even Vishnu in one of his incar- nations is a turtle, as he supports the world as it threatens to overthrow. Consequently, whoever kills the turtle, plunges the world by undermining its foundation. The question of ecology and sustainability, however, goes unheard (...)



IN THE SOUTH TURTLES DO NOT AGE

realização · organization: MAG3 Projectraum Vienna . projeto comissionado por · project commissioned by: TONSPUR Kunstverein Wien; Museum Quartier Vienna Q21; MAG3.

agradecimentos especiais · special thanks Sabine Groschup.

agradecimentos · acknowledgments
Georg Weckwerth; Gue Schimidt; Berthold Ecker; Roberto Muffoletto; Ursula Probst; Osmar Rocha Barbosa; Fernando de Souza; Clarissa Canedo; Aguinaldo Nepomuceno; Fabiana Kohlrausch; Gabriel Barros.

agradecimentos institucionais .institutional acknowledgments
Departamento de Zoologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.






vermelhos

projeto realizado em Oficinas do Convento . Montemor-o-novo, Portugal
exposição na galeria BLAU Projects . São Paulo, Brasil

A instalação Vermelhos mostra algumas das peças realizadas durante projeto Vermelhos em Montemor-o-novo, Portugal. Convidou-se a comunidade local e colaborar como modelos para a moldagem de peças em cerâmica, em ação que remetesse à feitura colonial de telhas moldadas em coxas de escravos, prática realizada em Portugal e no Brasil, segundo alguns pesquisadores, ou ao menos segundo a crença popular. A partir de argilas confeccionadas para a ocasião, com barros da região, nas cores preta, branca, vermelha e amarela, foi solicitado aos colaboradores que realizassem a mistura das argilas, procurando assemelhar a cor final à cor da própria pele. Num processo de 3 dias de encontros, pernas de portuguesas e portugueses, e de estrangeiras(os) foram moldadas. Após secagem, queimadas as telhas-coxa, o conjunto antes colorido se aproxima majoritariamente da cor de pele endereçada aos indígenas nas Américas: o vermelho. Na galeria a montagem se deu a partir do espaço endereçado em coletiva. As peças são conjunto e solos, simultaneamente. Este projeto está em andamento, e pretende ser desdobrado adiante, em feitura de muitas, muitas coxas-telhas.
curadoria
natália quinderé

fotografias
Letícia Ranzani




























vistas da exposição na Galeria Blau Projects . São Paulo


colaboradores
coxas
Ana Pinto Basto
Gabriella
Gilkka Gy Delle
Katarina Hudacinová
Lamine Carvalho
Mariana Stoffel
Mãe
Nélia Martins
Paulo Morais
Robert Szabò

agradecimentos
Mafalda Sofia Rosário; Sergio Carronha; Tomas Roubal; Ana João Almeida; João Henrique; Tiago Fróis; Virgínia Fróis; Joaquim Pimentão; João Sofio; Rui Cacilhas; Pedro Grenha.

agradecimento especial
Oficinas do Convento


vermelhos #2

Zonamaco Cidade do Mexico, 2020



Vermelhos #2 é uma instalação que reposiciona peças de cerâmica realizadas em 2016 durante residência nos ateliês de cerâmica das Oficinas do Convento, localizada em Portugal na pequena cidade de Montemor-o-Novo. Em Vermelhos, versão 2020, acrescem-se às peças de cerâmica, peças-estruturas de metal. E as cerâmicas são reposicionadas no espaço em relação a estas.

As estruturas de metal, ao invés de suportarem as peças como bases de obras de arte, as deixam cair, e convivem com estas como ruína no mesmo espaço expositivo.

Vermelhos #2 remete à ruina das relações coloniais, e se refere à uma prática colonial em específico já constante em Vermelhos.

No Brasil a expressão “nas coxas” se refere a algo “mal-feito”, feito com descaso, sem cuidado e zelo. Esta expressão deriva de uma imagem muito familiar a brasileiros em geral mas polêmica entre historiadores, de que à época colonial as telhas das casas eram moldadas nas coxas, nas pernas de negros escravizados.


O desdobramento de pesquisas decoloniais em andamento já em minha trajetória como artista à época, sugeriu o processo realizado então: fazer moldes de telhas nas coxas de portugueses e estrangeiros europeus.

Vermelhos também expõe a questão de definição racial, questão determinante e imensamente complexa no Brasil de hoje e de sempre.

Além dos moldes-moles, pedi  aos modelos portugueses que antes realizassem a mistura de argilas nas 4 cores que conhecemos como cores de raças distintas, e que se referem imediatamente aos tons de pele destas, no Brasil, vermelho (indígena), branco (ocidental/europeu), negro (africano) e amarelo (oriental), e tentassem a partir delas representar seu próprio tom de pele.

As peças de um barro colhido e trabalhado por mim como argila, ofertado, e tornadas coloridas pelos participantes, após cozidas, como muitas das terras expostas à alta temperatura, se tingiram de vermelho. E daí o nome da peça. Colocadas em determinada situações específicas, as cores das terras, assim como as cores das peles, se transformam. A direção sugerida por estes barros trabalhados, foi o retorno ao ancestral : o Vermelho dos nossos povos originários.





Paula Scamparini. Coleção Arte e Tecnologia. Oi Futuro. Editora Circuito. RIo de Janeiro 2019